O lendário ator Willem Dafoe foi ovacionado no 31º Festival de Cinema de Sarajevo, onde recebeu o Coração Honorário de Sarajevo em reconhecimento à sua contribuição para a sétima arte. Durante uma master class lotada, o astro compartilhou histórias de bastidores, falou sobre sua relação com diretores icônicos e refletiu sobre a própria carreira.
“Eu gosto de fazer, não de dirigir”
Questionado se um dia pensaria em se tornar diretor, Dafoe foi categórico:
“Eu não tenho essa personalidade. Eu gosto de alguém me dizer o que vê, e então gosto de tentar encarnar isso. Como ator, você pode agir de forma misteriosa, até irresponsável às vezes. Isso desafia percepções e preconceitos.”
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A morte em Platoon e o equilíbrio em Homem-Aranha
Relembrando a famosa cena de sua morte em Platoon (1986), dirigido por Oliver Stone, Dafoe explicou que a sequência foi mais técnica do que interpretativa:
“Era simples. Eu só precisava correr pela minha vida enquanto detonava as marcas de tiro no meu corpo. Foi como um atleta: do ponto A ao ponto B, sem pensar no efeito.”
Já sobre seu papel em Homem-Aranha (2002), como o vilão Duende Verde, o ator destacou a dificuldade e a diversão de equilibrar drama e humor:
“Era divertido porque dentro de uma cena podia mudar do muito dramático para o muito cômico. Tinha humor, mas nunca era algo leve.”
O encontro com David Lynch e Bobby Peru
Um dos momentos mais curiosos foi a lembrança de Coração Selvagem (1990), de David Lynch. O cineasta pediu que Dafoe usasse dentaduras com dentes podres para viver Bobby Peru:
“Assim que coloquei, não conseguia fechar a boca. Aquilo mudou tudo. Foi um gatilho. Às vezes um detalhe externo abre a imaginação para completar o personagem.”
Dafoe descreveu Lynch como “um artista” e “um diretor nada convencional”, lembrando de instruções abstratas como: “Willem, quando você começa, é meio verde… depois fica marrom.”
Carreira, aplausos e legado
Com mais de 150 filmes no currículo, quatro indicações ao Oscar e prêmios como o Urso de Ouro Honorário de Berlim e a Volpi Cup de Veneza, Dafoe reforçou que nunca se guiou pelo dinheiro:
“É sempre uma consideração, mas eu nunca lembro quanto recebo. Nunca persigo o dinheiro.”
O público de Sarajevo respondeu com uma calorosa ovação, coroando uma noite que celebrou um dos atores mais versáteis e ousados da atualidade.
Willem Dafoe agora se prepara para três estreias em festivais: Late Fame e The Souffleur, em Veneza, e The Man in My Basement, em Toronto.
Fonte: Hollywood Reporter