Por que a DC deveria deixar seus vilões vencerem mais vezes

Nos quadrinhos de super-heróis, uma regra quase nunca falha: no fim das contas, os heróis sempre vencem. Essa é a essência de mais de 90% das histórias publicadas. Afinal, super-heróis existem para tornar o mundo melhor, salvar pessoas e derrotar o mal. Se o dia não foi salvo, a narrativa ainda não terminou.

Na DC Comics, esse padrão é ainda mais evidente: Superman, Batman, Mulher-Maravilha e companhia quase sempre saem vitoriosos. E embora isso seja parte do encanto, também pode se tornar um problema narrativo. Quando a vitória é garantida, perde-se muito da tensão — e até a surpresa.

O problema da vitória garantida

Quando algo se repete demais, torna-se previsível. E previsibilidade pode significar tédio. A vitória quase certa dos heróis faz com que conflitos muitas vezes pareçam superficiais, já que sabemos de antemão o resultado. Isso afeta até a imagem dos personagens:

  • Superman é frequentemente acusado de ser “chato” por ser poderoso demais e nunca perder.
  • Batman virou meme com o famoso “Batman always wins” (“Batman sempre vence”), reforçando a ideia do Bat-God, um herói tão perfeito que nada consegue derrotá-lo.

Esses estigmas só existem porque raramente vemos esses heróis falhando — e é justamente na derrota que surgem algumas das histórias mais emocionantes.

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A força da derrota

Histórias clássicas como O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight Returns) ou Reino do Amanhã (Kingdom Come) só são impactantes porque mostram heróis em queda, que precisam se reerguer contra todas as probabilidades.

Afinal, não existe narrativa de superação sem antes haver fracasso. Quando os heróis são forçados a encarar derrotas, vemos neles a resiliência e a esperança que nos inspiram. É nesse momento que eles deixam de ser deuses inalcançáveis e se tornam personagens humanos, capazes de cair e levantar como qualquer pessoa.

Quando os vilões vencem, tudo muda

As raras vezes em que a DC permitiu vitórias significativas dos vilões resultaram em algumas das sagas mais marcantes da editora:

  • Quando Lex Luthor foi eleito presidente, abriu-se espaço para uma série de histórias que colocaram Superman em conflito direto com a política e a moralidade.
  • O arco em que Darkseid vence molda boa parte das histórias da “All-In Era” e mostra heróis lutando contra uma realidade praticamente perdida.
  • Até mesmo em Crise nas Infinitas Terras, considerado um dos maiores eventos da DC, o vilão Anti-Monitor “venceu” em certo nível, ao destruir quase todo o multiverso.

Essas vitórias vilanescas mudaram o tabuleiro, trouxeram consequências reais e mantiveram o público na ponta da cadeira.

O erro do “reset imediato”

Iniciativas recentes, como Year of the Villain, tentaram explorar essa dinâmica. No entanto, acabaram caindo na armadilha de resetar tudo dentro da mesma saga, apagando qualquer impacto a longo prazo. Isso mina a credibilidade dos vilões e deixa o status quo congelado — um problema recorrente nos quadrinhos de heróis.

Para que a narrativa funcione, é preciso deixar os vilões vencerem pelo menos por um tempo, gerando consequências palpáveis. Só assim a vitória final dos heróis realmente terá peso.

O herói sempre ganha a guerra… mas pode perder batalhas

No fim, sabemos que Superman, Batman e a Liga da Justiça sempre vão salvar o dia. Mas permitir que eles percam algumas batalhas no caminho tornaria cada vitória mais significativa e cada derrota um aprendizado.

Deixar os vilões vencerem de vez em quando não é trair o espírito dos quadrinhos — é, na verdade, reforçar a mensagem de esperança e perseverança que sempre esteve no coração do gênero. Afinal, só dá para se levantar mais forte depois de uma queda.

Fonte: ComicBook

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