O Universo Cinematográfico da Marvel (MCU) é conhecido por não dar ponto sem nó. Quando uma frase é dita em cena, geralmente ela carrega peso narrativo e tende a ser resgatada mais tarde. Um dos melhores exemplos disso aconteceu em Vingadores: Guerra Infinita (2018). Logo no início, Gamora alerta sobre o poder das Joias do Infinito: com um simples estalar de dedos, Thanos poderia dizimar metade da vida no universo. Parecia apenas uma metáfora, mas o público descobriu mais tarde que o Titã Louco tinha esse plano em mente desde o começo.
Esse cuidado com os diálogos dava ao filme uma força única. Cada palavra tinha consequências, e nada parecia gratuito. Porém, em 2025, a Marvel volta a enfrentar um dilema: até que ponto ainda segue suas próprias regras?
Thor e a “regra” dos Dwarves
Ainda em Guerra Infinita, quando Thor é resgatado pelos Guardiões da Galáxia, surge uma conversa crucial. O Deus do Trovão explica que apenas alguém como ele seria capaz de empunhar uma arma forjada pelos anões de Nidavellir — armas tão poderosas que poderiam virar a mente de qualquer mortal em “papa”.
Rocket aceita acompanhá-lo na missão, mas Star-Lord freia a empolgação: por que só Thor deveria ter esse tipo de poder? A explicação do asgardiano parece convincente: ninguém além dele teria condições de suportar uma arma como o Rompe-Tormentas (Stormbreaker).
Naquele momento, o MCU estabelecia uma limitação importante. O público acreditou que só o Deus do Trovão poderia usar aquela arma lendária sem sofrer consequências.
Quando o próprio MCU desmente a regra
Essa “lei” durou pouco. Em Vingadores: Ultimato (2019), quem não se lembra de Steve Rogers erguendo o Stormbreaker durante a Batalha da Terra? Mesmo não sendo um asgardiano, o Capitão América mostrou que podia manejá-lo sem grandes efeitos colaterais — muito embora já estivesse em um nível de força acima do normal graças ao Soro do Super Soldado.
Mais tarde, outros personagens também chegaram perto de usar o machado, e a suposta regra caiu no esquecimento.
Agora, com o trailer de Marvel Zombies, a inconsistência volta à tona: Peter Parker, o Homem-Aranha, aparece empunhando o Stormbreaker contra uma versão zumbi de Thanos. Um herói incrivelmente forte para os padrões humanos, mas ainda assim longe do nível asgardiano.
Por que a Marvel ignora o que ela mesma construiu?
A resposta pode estar no próprio momento do MCU. Em Guerra Infinita, a fala de Thor era essencial para segurar a narrativa. Se qualquer herói pudesse usar uma arma forjada em Nidavellir, nada impediria todos eles de enfrentarem Thanos com as mesmas chances — e isso quebraria a tensão dramática do filme.
Agora, sem Thanos como grande ameaça e com a Marvel expandindo seus horizontes para o Multiverso e projetos mais experimentais, como animações, essas limitações narrativas deixam de ser prioridade. No fim das contas, é mais “legal” ver o Aranha atirando o Stormbreaker em um Titã zumbi do que respeitar uma regra estabelecida em 2018.
O impacto para os fãs
Para parte do público, essas contradições são apenas detalhes — afinal, Marvel Zombies é uma animação com tom mais livre e experimental. Mas para outros, isso soa como um sinal de que o MCU já não trata suas próprias regras com a mesma seriedade de antes.
Guerra Infinita foi marcado pela precisão narrativa e pela construção de stakes que pareciam insuperáveis. Hoje, ao flexibilizar essas mesmas regras para priorizar espetáculo visual, a Marvel corre o risco de perder justamente aquilo que fez o público se apegar tanto: a sensação de que cada detalhe importa.
Fonte: ComicBook
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