A década de 1990 marcou um período de ouro para os discos acústicos, tanto no Brasil quanto no exterior, alavancados pela popularidade dos MTV Unplugged, que apresentavam artistas em versões intimistas e desplugadas de suas músicas. No cenário internacional, o exemplo mais icônico foi “Unplugged” (1992), de Eric Clapton, que se tornou o álbum ao vivo mais vendido da história, com mais de 25 milhões de cópias. No Brasil, grandes nomes como Titãs, Capital Inicial e Kid Abelha exploraram o formato, atingindo números expressivos de vendas e consolidando suas carreiras.
Skank e a Resistência ao Acústico
Entre os nomes de destaque da música brasileira, o Skank curiosamente nunca aderiu ao formato acústico, apesar de ter vivido seu auge comercial nos anos 1990 e 2000. A banda, que encerrou suas atividades em 2023, nunca lançou um disco desplugado, uma decisão que o vocalista e guitarrista Samuel Rosa justificou como uma escolha artística e estratégica.
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Em entrevista ao G1, Rosa comparou os discos acústicos a “pontes de safena”, referindo-se ao procedimento médico que restaura o fluxo sanguíneo. A metáfora sugere que muitos artistas utilizam o formato como um artifício para revitalizar suas carreiras ou atingir novos públicos, o que Rosa acreditava não ser necessário para o Skank durante seus anos de maior popularidade.
A Relação com as Gravadoras
Embora o Skank tenha trabalhado com grandes gravadoras ao longo de sua trajetória, Samuel Rosa afirmou que a banda nunca sofreu interferências significativas em suas decisões criativas. Ele reconheceu que negociar com grandes selos sempre envolve concessões, mas destacou a liberdade do grupo para definir os rumos de sua carreira. Essa autonomia talvez tenha sido um dos motivos para que o Skank não seguisse a tendência dos discos acústicos, preferindo explorar outros caminhos musicais e mantendo sua identidade.
O Legado dos Acústicos
Os discos acústicos da década de 1990 e 2000 deixaram um legado importante na música brasileira. Álbuns como “Acústico MTV – Titãs” (1997) e “Acústico MTV – Capital Inicial” (2000) não apenas revitalizaram a carreira dessas bandas, mas também trouxeram novos arranjos e interpretações para sucessos consagrados. O formato desplugado se tornou sinônimo de reinvenção, atingindo tanto fãs antigos quanto novas audiências.
No caso do Skank, a ausência de um disco acústico se tornou uma marca de resistência e autenticidade, reforçando a ideia de que a banda seguiu sua própria trajetória sem se moldar às tendências da época. Mesmo sem um álbum desplugado, o grupo consolidou-se como um dos maiores nomes da música brasileira, com hits atemporais que continuam a ressoar entre gerações.
Fonte: Rolling Stone