Não tem escapatória: os anos 1990 foram uma das melhores décadas da história do cinema. Não importa o gênero — ação, comédia, drama, terror, ficção científica ou fantasia — sempre tinha algo bom passando no cinema ou rodando no videocassete da sala.
Foi a década em que Hollywood parecia funcionar no modo “criatividade destravada”. O problema é que, com tanta coisa boa, alguns filmes excelentes acabaram ficando meio esquecidos no meio da nostalgia coletiva. Eles nunca foram ruins — só ficaram soterrados por outros clássicos.
Aqui vai uma lista de sete filmes ótimos dos anos 90 que merecem uma segunda chance.
7) George da Selva (1997)
Antes de virar o queridinho do “renascimento de carreira” em Hollywood, Brendan Fraser já era um dos atores mais carismáticos dos anos 90. E um dos exemplos mais claros disso é George da Selva.
O filme é basicamente uma paródia escancarada de Tarzan. George é criado por animais após um acidente de avião, cresce completamente deslocado da civilização e, claro, acaba se apaixonando por uma herdeira rica quando entra em contato com o “mundo real”.
Não é um filme inteligente no sentido clássico — e nem tenta ser. Ele funciona porque é bobo, autoconsciente e porque Fraser entrega uma performance física e cômica impecável. Foi um sucesso de bilheteria na época e continua funcionando muito bem hoje como uma comédia leve e despretensiosa.
6) Miséria (1990)
Miséria é um daqueles filmes que parecem tão atemporais que a gente esquece que eles vieram direto do início dos anos 90.
Baseado no livro de Stephen King, o filme acompanha um escritor que sofre um acidente de carro e acaba sendo “resgatado” por uma fã obcecada. O problema é que ela não pretende deixá-lo ir embora até que ele escreva o livro do jeito que ela quer.
Kathy Bates entrega uma das atuações mais perturbadoras da história do cinema — e venceu o Oscar por isso. O filme é tenso, claustrofóbico e tem uma das cenas mais traumatizantes já colocadas numa tela. Ninguém esqueceu que Miséria é bom. Só esqueceu que ele é dos anos 90.
5) Pleasantville (1998)
Pleasantville não foi um grande sucesso de bilheteria, e talvez por isso muita gente tenha deixado ele passar batido.
A história acompanha dois irmãos adolescentes que acabam presos dentro de uma série de TV dos anos 1950, onde tudo é perfeito, limpo e previsível. Só que, aos poucos, esse mundo começa a mudar — literalmente ganhando cores.
O filme é uma metáfora clara sobre progresso, repressão, amadurecimento e a falsa idealização do passado. Além disso, o uso criativo do preto e branco misturado com cores ainda impressiona. É aquele tipo de filme que parece simples, mas cresce na cabeça depois que termina.
4) Recordes do Império (Impire Records) (1995)
Quando foi lançado, Empire Records foi um fracasso total. Crítica negativa, bilheteria fraca e quase nenhum impacto imediato. Mas o tempo foi extremamente generoso com ele.
O filme acompanha um grupo de funcionários de uma loja de discos tentando impedir que o lugar seja vendido para uma grande corporação. É um retrato puro dos anos 90: jovens perdidos, trilha sonora excelente, espírito anti-corporativo e muita ingenuidade.
Hoje, o filme funciona quase como uma cápsula do tempo. Não é perfeito, mas é sincero. E, em uma era dominada por franquias gigantes, essa simplicidade acaba sendo o maior charme.
3) The Rocketeer (1991)
Antes do cinema ser dominado por universos compartilhados, The Rocketeer já entregava uma aventura de herói extremamente carismática.
Ambientado em 1938, o filme acompanha um dublê que encontra uma mochila-foguete e acaba chamando atenção de todo mundo: governo, criminosos e até nazistas. Sim, nazistas — porque nada envelhece melhor do que vilões nazistas levando surra.
O filme mistura ação, romance e aventura com um clima pulp clássico. Nunca virou franquia, mas sempre teve fãs fiéis pedindo continuação. É divertido, bem-feito e muito mais memorável do que muita coisa que veio depois.
2) O Furacão (1999)
Aqui estamos falando de cinema pesado.
Denzel Washington interpreta Rubin “Hurricane” Carter, um boxeador condenado injustamente por assassinato e que passa décadas preso até conseguir provar sua inocência. É uma atuação gigantesca, intensa e emocionalmente devastadora.
Washington ganhou o Globo de Ouro pelo papel e foi indicado ao Oscar. Mesmo assim, O Furacão raramente aparece nas listas mais lembradas dos anos 90 — o que é um erro. É um filme forte, necessário e absurdamente bem interpretado.
1) A Família Addams (1991)
Antes de Wandinha dominar a Netflix, A Família Addams já tinha estabelecido o padrão ouro da franquia.
Anjelica Huston e Raul Julia são simplesmente definitivos como Morticia e Gomez. O filme acerta em tudo: humor ácido, estética perfeita, elenco impecável e uma história que respeita totalmente o espírito dos personagens.
A trama gira em torno de um golpista que tenta se passar pelo Tio Fester para roubar a fortuna da família — mas, como estamos falando dos Addams, nada sai como o planejado. O filme é estranho, elegante e extremamente divertido. Um clássico absoluto.
