Um relatório recente reacendeu a chama dos fãs de mídia física: a Sony estaria planejando lançar o PlayStation 6 com um leitor de disco destacável. A ideia foi recebida como um presente por quem ainda gosta de colocar a caixinha do jogo na prateleira. Afinal, seria prático — fácil de substituir e justo para quem prefere comprar digital ou físico.
Mas a realidade é um pouco menos romântica.
O problema dos números
No Relatório Corporativo 2025 da Sony, ficou claro que a maré está virando de vez. As vendas de jogos físicos representam apenas 3% da receita de Games & Network Services, caindo pela metade em relação aos 6% de 2020.
Isso mostra uma tendência clara: cada vez menos jogadores estão comprando discos.
Enquanto isso, assinaturas como PlayStation Plus e Xbox Game Pass se consolidaram como modelos dominantes. Em vez de pagar R$ 350 num único jogo, a maioria prefere acesso imediato a dezenas (ou centenas) de títulos por um preço mensal fixo.
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A comparação com outras indústrias
Quem acompanhou a transição da música vai reconhecer o padrão: primeiro os CDs, depois os MP3, e por fim os serviços de streaming como o Spotify. Hoje, comprar mídia física de música é quase um nicho de colecionadores.
Nos games, a história parece a mesma. O Nintendo Switch 2 já aposta em cartuchos que não carregam o jogo completo, e a Microsoft praticamente abandonou a mídia física para adotar o lema “jogue em qualquer lugar”.
O dilema da Sony
Mesmo que a Sony mantenha a promessa do leitor destacável no PS6, a própria empresa já admite que sua prioridade mudou. Em reunião com investidores, o vice-presidente sênior Sadahiko Hayakawa afirmou:
“Estamos nos movendo de um modelo de negócio centrado em hardware para um modelo de plataforma que expande a comunidade e aumenta o engajamento.”
Traduzindo: o futuro é menos sobre vender consoles e discos, e mais sobre manter o jogador dentro do ecossistema PlayStation — seja comprando digital, assinando serviços, ou consumindo conteúdo cross-platform.
O que esperar?
- Os jogos físicos não vão sumir de imediato. Ainda há demanda suficiente para justificar algum suporte.
- O peso cultural vai mudar. O disco tende a se tornar item de colecionador, como vinil na música.
- O digital vai dominar. Mais rápido, mais barato, mais conveniente — e mais lucrativo para as empresas.
A reflexão final
Pense o seguinte: se o seu chefe corta seu salário de R$ 100 para R$ 3 e diz que isso ainda vale a pena, você acreditaria? É isso que acontece com a mídia física dentro da Sony hoje.
O PS6 pode até vir com leitor de disco, mas tudo indica que será mais um gesto simbólico do que um pilar real de mercado. Quem ainda ama o cheirinho do encarte novo vai ter que encarar: o futuro dos games pode caber inteiro numa assinatura mensal.
Fonte: ComicBook